O peixe-peteca

Mais uma vez, exponho-me ao descrédito dos leitores. Esta é uma história de férias. Verídica como todas as crônicas de pescaria que já narrei por aqui. Incrível como a maioria delas.
Estávamos eu e minha família numa agradável reunião de fim de tarde. As crianças brincando, os adultos conversando, dali a pouco os adultos brincando com as crianças, e por aí afora.
Tio Elias, estabanado como quem, resolveu participar do jogo de peteca com Georgia e Leo. Importante dizer que a diferença de idade entre eles beira os 30 anos.
Nada tinhamos a temer da habilidade das crianças no jogo de peteca. O perigo mesmo era tio Elias – e ele logo provou isto. Numa jogada infeliz, mandou a peteca para o telhado de casa.
Seguiram-se alguns debates sobre o que fazer para resgatar o brinquedo. Escada? Não tínhamos. Pedir emprestado ao vizinho? Não tinham. Pedir ajuda à portaria do condomínio? Estavam todos ocupados.
O pior é que o tempo estava desgraçadamente chuvoso. Bastou um intervalo na borrasca para que se realizasse a tragédia da peteca alçada ao telhado. E agora? Como tirá-la de lá?
_ Não se preocupem, damos um jeito.
Terminada a visita, dediquei-me a avaliar a situação.
Lembrei-me do meu equipamento de pesca. Inspirado por alguma musa divina ou etílica, elaborei um plano tão simples quanto funcional. Montei a vara com o maior anzol que encontrei na antiga tralha de meu falecido pai.
Tomei posição na frente de casa e arremessei. Fisguei imediatamente um belo exemplar do peixe-macaco (vide texto neste blog). Não desanimei. Insisti, resoluto.
Cinco arremessos depois, a vitória. Fisguei o raríssimo peixe-peteca, e trouxe-o incólume ao alcance da mão.
A modéstia me impede de revelar o quanto fui ovacionado pelo feito, tanto por minha linda filha como por minha esposa (ela deu o braço a torcer, ninguém imaginaria aquela saída para um problema daqueles).
(Relato absolutamente verídico de uma “pescaria” de férias. Imagem: dalvaday.blogspot.com  )

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