Aberrações
_ Sabia que não daria coisa boa! _
disse o pai, com a voz trêmula. _ Achei que ia nascer lobisomem. Nasceu com
chifre que nem um capetinha.
_ Mas meu Deus, só porque nós somos
primos? A Geralda casou com um primo também e os filhos dela são todos
saudáveis. O Robério casou com uma meia-irmã, e em noite de lua cheia, quer
pior blasfêmia? e não aconteceu nada. Por quê com a gente teve que nascer um
caramunhãozinho desses? Só pode ser porque você tem sangue ruim _ disse a mãe
entre lágrimas.
Não adiantava ficar argumentando
muito sobre o leite derramado. Estava lá a criança, chorosa, exigindo peito,
com o belo chifre mediando a testa. Mal disfarçando a repulsa, a mãe cedeu ao
instinto feminino e amamentou o recém-nascido. Durante todo o tempo virou o
rosto, chorando e evitando confrontar a aparência maligna da criança que tinha
junto ao colo. Olhava para o teto com lágrimas a escorrer pela face, tentando
esquecer que tinha uma aberração nos braços. O pai, contrariado, observava a
tudo com a expressão carrancuda, balançando a cabeça negativamente. Sem dizer
nada, pegou o chapéu que descansava sobre uma mesinha e saiu do quarto. Nunca
mais foi visto.
A mãe tampouco sentiu-se capaz de
lidar com tamanho fardo, ainda mais sozinha, sem o marido para dar apoio. Foi
ao orfanato das freiras e deixou a criança na porta. De longe, notou os olhares
horrorizados daquelas santas mulheres. Algumas benziam-se, outras juntavam as
mãos em prece, outras, mais suscetíveis; simplesmente saíam correndo para suas
celas ao vislumbrar a criança e seu distintivo ósseo no meio da testa. Apesar
do medo, a madre superiora achou que seria pouco cristão não oferecer abrigo
para a estranha criatura. Assim o pequenino arranjou um cantinho para crescer.
Quando foi levado para dentro do orfanato, há muito que a mãe já havia se
retirado, despreocupada com o destino da criança e sentindo-se livre de um
grande peso.
Na pia batismal não faltaram
sugestões de nomes. “Cornélio”, disse mais de uma religiosa, por motivos
óbvios. Mas o padre não concordou. Achou insensível da parte das freiras dar um
nome que destacasse ainda mais a deformidade da criança. “Eu te batizo Pedro,
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Para criança tão incomum, nada
melhor do que um nome comum”, pensou.
Pedrinho cresceu rápido e cheio de
saúde, como convém a um menino. Esperto, brincalhão, alegre. Cercado de
atenções das religiosas, que logo fizeram dele o xodó do orfanato. Tanto o protegeram,
que o afastaram das outras crianças, temerosas de que o chifrudinho fosse
vítima da renomada crueldade infantil. Até os treze anos, cresceu sem nenhum
contato com meninos ou meninas da sua idade. Achava aquilo natural, conviver
com freiras muito mais velhas que ele. Também considerava natural ser levado
para um quartinho cheio de brinquedos todos os domingos, e lá ficar por longas
horas, acompanhado apenas de uma noviça que brincava com ele e lhe trazia
comida, a pessoa mais jovem de seu convívio.
O chifre, que segundo os médicos
desapareceria com o tempo, cresceu à mesma proporção que o garoto. Pedrinho, na
sua clausura forçada, achava que todos os meninos tinham um igual, da mesma
forma que portavam um pênis. O chifre era para ele tão natural quanto as unhas
dos pés ou os pêlos que começavam a aparecer no meio de suas pernas.
Pedrinho não desconfiava que seu
retiro dominical no quartinho de brinquedos tivesse o objetivo de afastá-lo dos
casais que vinham ao orfanato à procura de uma criança para adoção. “Se eles
vêem o menino, nunca mais voltam”, pensava a madre superiora.
E o garoto transformava-se
rapidamente num jovem. Um belo jovem de penugem na cara e voz desafinada, olhos
verdes, cabelos encaracolados como os de um anjo, o chifre destacando-se em
suas feições quase perfeitas. A pobre noviça, companheira de todos os domingos,
foi a primeira a notar a beleza sedutora do menino-homem. Foi também a primeira
a cair em tentação, perdida para sempre para a vocação religiosa. No quartinho,
os brinquedos mudaram. Em vez de carrinhos ou bonecos, Pedro quis experimentar
os seios redondos, a pele fresca, as reentrâncias plenas de juventude da bela
aspirante. Ela relutou a princípio, mas com pouca convicção. Fascinada, tocou o
chifre, acariciou-o em toda sua extensão, sentindo a textura lisa e a
consistência firme. Logo os dois entregaram-se a novos jogos, de prazer e
sensualidade.
Assim se passaram muitos domingos.
Os dois protegidos no cubículo, entregando-se ao amor sem peso na consciência,
enquanto os visitantes tentavam encontrar órfãos para compor suas famílias. Os
gemidos dos jovens eram contidos pelas paredes, e a cada final de semana eles
sentiam mais e mais liberdade para sua aventura.
Um
dia a madre surpreendeu os dois, as roupas dele e a batina da noviça jogados
num canto, Pedro com o chifre rijo apontando para o teto e a noviça sobre o
rapaz, galopando-o de pernas arreganhadas, desvairada num gozo insano.
O escândalo. A madre convenceu-se de
que o chifre na cabeça de Pedro era um sinal demoníaco. Expulsou o rapaz do
orfanato e puniu a noviça com suplícios dignos da inquisição antes de mandá-la
de volta para a família, há muitos dias de distância, para lá da serra, com uma
carta acusatória endereçada aos pais. Claro que a carta nunca chegou e a moça
inventou outra desculpa para seu regresso ao lar. Preferia enfrentar o inferno
por desobedecer a ordem da Madre e não entregar a carta, a enfrentar a fúria do
pai. A moça disse que não aguentou a saudade da família, e foi o quanto bastou
para ser recebida de braços abertos.
Só com a roupa do corpo, faminto
pela primeira vez, Pedro viu-se frente a frente com o desamparo, sem saber o
que fazer ou para onde ir. Não entendia o motivo de tanta revolta.
Considerava-se vítima de uma injustiça. No caminho de três dias até o povoado
mais próximo, não encontrou ninguém. A estrada estava deserta por causa do mau
tempo que assolava a região, ventos frios e cortantes, chuvas torrenciais.
Pedro chegou à vila sujo e cansado, pouco antes do amanhecer.
Logo na entrada do vilarejo
encontrou um velho que se preparava para montar sua barraca de frutas na praça
central. O homem notou a aproximação de Pedro e se dispôs a cumprimentá-lo.
Mudou de idéia ao ver o grande chifre destacado no rosto do jovem. O terror
tomou suas feições, ele afastou-se trôpego, caiu sobre a sacaria que
organizava, levantou-se rapidamente e correu. Pedro não entendeu nada, mas não
deixou de notar que aquele homem não tinha chifre. “Coitado, parece uma
mulher”, pensou.
Pedro seguiu seu caminho rumo ao
centro da vila. Cruzou com outros moradores. Todos ficaram igualmente
assustados ao vê-lo passar. O rapaz notou que todos os homens, fossem crianças,
adultos ou velhos, eram mais parecidos com o quitandeiro do que com ele. Nenhum
dos moradores tinha um chifre no meio da testa. O jovem começou a ficar
constrangido. Apalpou o corno, olhou em volta meio sem graça, e finalmente
percebeu que era diferente de todos os outros.
Um pivete atirou uma pedra. Acertou
Pedro em pleno chifre e afastou-se, observando de longe. Outros passaram a
fazer o mesmo. Pedro teve que sair correndo para escapar, mas os moleques o
perseguiram. Entrou num beco entre duas cabanas e viu-se encurralado. Já ouvia
a algazarra dos meninos a poucos metros, na rua. Notou que havia um buraco na
cerca, nos fundos do beco. Passou por ele e tapou-o com algumas caixas de
papelão. Só então permitiu-se descansar e chorar, enquanto os perseguidores na
entrada do beco resolviam procurá-lo em outro canto.
A notícia de que havia um diabo à
solta correu a vila em pouco tempo. Pedro não tinha como se esconder
indefinidamente num lugar tão pequeno. A fome levou-o a procurar algo para
comer. Viu uma cabana com a porta aberta e não pensou. Aproximou-se, olhou para
dentro, a pequena sala vazia, entrou. Foi direto para onde imaginava que
ficaria a cozinha. Abriu a despensa, encontrou um pedaço de pão, começou a
comer ali mesmo, encolhido perto do fogão a lenha.
“Meu Deus, é o diabo”, disse uma voz
feminina na entrada da cozinha. Pedro levantou-se de um salto e deixou cair o
pão. Viu uma adolescente fitando-o com os olhos muito arregalados. Mesmo
naquela situação, Pedro não pode deixar de notar a beleza da menina. Loira,
olhos claros, corpo que se adivinhava bonito embaixo da camisola.
_ Desculpe, moça, não sou diabo não,
eu só estava com fome. Vou-me embora agora mesmo. _ Falou com uma voz tão
assustada, que a garota compadeceu-se.
_ Não precisa ir correndo, pode
terminar de comer. _ disse, sem conseguir tirar os olhos do chifre de seu
estranho visitante.
_ Julia, com quem você está falando?
_ perguntou o pai lá do quarto.
_Com ninguém, pai, estou só pensando
em voz alta!
_Tome cuidado, feche a porta assim
que eu sair para a roça. Compadre Tomáz disse que tem um bicho esquisito à
solta aqui na vila.
Quando o lavrador saiu, Pedro olhou
para Julia cheio de gratidão. Só então notou nela uma estranha corcunda.
Terminou de comer o pão, aceitou um pedaço de queijo que a menina lhe ofereceu,
tomou leite e café. Enquanto comia pensava na crueldade de sua situação. Teve
consciência de quem realmente era, uma aberração, um bicho, um demônio.
Protegido entre as freiras, achou que era igual a qualquer outro homem.
Descobriu da pior maneira que isso não era verdade. O mundo que se limitava aos
muros do orfanato, agora se abria gigantesco e ameaçador.
Os pensamentos provocaram lágrimas
que comoveram Julia. Depois do susto inicial, a menina começou a enxergar além
da deformidade do rapaz. “É um moço bonito, mais bonito que qualquer outro aqui
na vila. Não fosse o chifre seria lindo”, pensou emocionada.
_Passe o dia aqui em casa, é
perigoso sair com todo mundo atrás de você. Meu pai só volta tarde da noite,
hoje é dia dele se reunir com uns amigos na venda depois do trabalho. Quando
escurecer você sai.
Assim se fez. Julia colocou
alimentos e roupas velhas num saco, entregou a Pedro, juntamente com um
crucifixo de madeira. “Isso vai te proteger”, explicou. Pedro beijou as mãos da
garota e saiu rápipo pela porta dos fundos, rumo ao bosque que cobria a serra
perto da vila.
Os meses seguintes foram de luta
para se adaptar à nova realidade. Muito trabalho. Pedro construiu uma cabana
com galhos secos e feno. Limpou um pequeno terreno e começou uma horta, onde
cultivou alguns legumes e verduras com sementes que roubou numa das raras
incursões que fizera à vila. Naquele dia, não resistiu à tentação de ver de
novo aquele anjo, única criatura que o apoiara em seu desespero. Ficou espiando
de longe a casa dela, noite alta, até que a menina apareceu na porta, usando a
mesma camisola do dia em que se conheceram, a corcunda destoando do resto do
belo corpo. Julia ficou um longo tempo olhando para a lua e em redor, como se
procurasse alguma coisa. Pedro teve a impressão de que ela sentia sua presença.
Afastou-se silenciosamente para não mais voltar.
Aprendeu a fazer armadilhas, lanças,
até um bodoque de madeira com um tipo de cipó que encontrou na mata, elástico.
Espalhava suas arapucas pela floresta, e garantia assim um vasto suprimento de
carnes as mais variadas. Tatu, capivara, bugio, aves de diversos tipos. Não
fosse a absoluta solidão e a saudade de Julia, seria possível dizer que Pedro
vivia bem. Uma vida saudável de contato com a natureza, ar puro e banho de rio.
Naquele bosque ninguém ligava para o seu chifre, reluzindo à luz do dia. Embora
humano, vivia como bicho, não articulava palavra a não ser para falar sozinho,
e era feliz assim.
Na vila a passagem do fantasma
chifrudo estava quase esquecida, um sonho ruim do quitandeiro e das crianças.
Nenhuma prova de sua existência foi encontrada e Julia guardou segredo. Mas
ocorreu um fato que pôs fim a essa indiferença.
Sete crianças da vila nasceram
saudáveis e barulhentas, todas no mesmo dia. Seriam perfeitamente normais, não
fosse uma estranha peculiaridade. Todas as sete nasceram com pequeninos chifres
nas testas. Foi um rebuliço e um escândalo. As famílias ficaram aterrorizadas.
Fizeram as contas e viram que as crianças teriam sido concebidas na mesma época
em que o diabo andava dando voltas pela vila. Maridos despeitados exigiram
satisfações das esposas. Especularam não serem deles aqueles filhos, mas sim do
Inimigo, e quiseram saber se as mulheres haviam se deitado com o demo, e
quando, e como se teria dado esta união. As mulheres desesperadas e histéricas
juravam inocência, em vão. Como convencer aqueles homens rudes de que aquilo
não passava de um fenômeno da natureza? Uma coincidência genética inesperada?
Faltava entendimento para elaborar tais argumentos.
Os pais dos chifrudos juraram
vingança. Haviam de encontrar o diabo e lavar sua honra em sangue, se é que o
diabo também sangra. Se não, dariam outro jeito de castigar o infeliz. Todos os
homens reuniram-se na praça, com tochas e espingardas. Muitos que não tinham
nada a ver com a história também se ofereceram para ajudar na caçada, mais pela
farra do que pela solidariedade. Uma milícia foi montada para aprisionar o
bicho insolente. “É capaz de ainda viver aqui por perto”, dizia Tião Jacupira,
o mais exaltado e cruel de todos, pai de um lindo menino de corno rosado.
Julia acompanhou apreensiva aqueles
preparativos. Saiu sorrateiramente da vila e dirigiu-se para o bosque. Sabia
que Pedro estava lá, tinha certeza disso, embora não entendesse como. Era como
se uma intuição lhe indicasse o caminho para o rapaz. Andou por longas horas no
meio da mata, a noite se fechando cada vez mais. O medo se apossou de sua
mente, mas ela não desistiu. Era preciso avisar o moço do que estava
acontecendo.
Perto do riacho, numa curva do
caminho marcada por uma grande pedra, Julia encontrou o que procurava. Pedro
olhou para ela sem surpresa, já a acompanhava há alguns minutos sem se fazer
notar.
_ Julia, disse em voz baixa.
A menina ficou lisonjeada por ele se
lembrar de seu nome, mas não teve tempo para pensar muito nisso. Contou o que
se passava, que ele precisava ir embora, ali não era mais seguro. Pedro não
mudou a expressão do rosto. Aproximou-se mais de Julia e pegou nas mãos da
menina.
_Fugir para onde e para quê? Onde há
lugar para alguém diferente como eu? Melhor acabar logo com tudo.
Julia começou a chorar quando ouviu
essas palavras. Pediu, implorou que ele não se entregasse. Abraçou Pedro
durante muito tempo, soluçando. Ele ergueu sua cabeça e beijou-a nos lábios.
A algazarra dos camponeses chegou
aos ouvidos deles. Estavam a poucos metros, falando alto, conjurando maldições
e ameaças. Pedro já conseguia ver fachos de luz das tochas entre a mata densa.
Resignado, afastou-se de Julia e ficou à espera.
A menina então percebeu que não
havia outro jeito. Enxugou as lágrimas nas mangas do vestido, olhou para Pedro
com olhos tranquilos e transparentes. Deu um passo para trás, abriu os braços e
olhou para o céu de estrelas. Uma luz inundou-a de alto a baixo. A blusa que
usava rasgou-se, revelando um colo delicado e belo, de seios perfeitos e pele
muito branca. Mas o que mais ofuscou a Pedro foi o lindo par de asas que se
abriu nas costas de Julia, espalhando-se pela clareira onde se encontravam.
Estava explicada aquela desconcertante corcunda. Eram as asas disfarçadas sob a
roupa.
_Não é só você que é diferente _
disse Julia, pegando-o pela mão e trazendo-o para junto de si. As vozes estavam
cada vez mais perto. Os habitantes da vila já indicavam o caminho para a curva
de rio onde os dois estavam. Muito segura de si, Julia agarrou-se com firmeza a
Pedro e começou a bater as asas. O rapaz sentiu uma leveza, como um sonho em
que caminhasse sobre as nuvens. Quando olhou para baixo, viu as copas das
árvores e as luzes das tochas cada vez menores. Abraçou-se a Julia, feliz como
uma criança, e deixou-se levar.
Por muito tempo o pai de Julia
procurou pela filha na floresta, nas colinas, até na cidade grande que ficava
do outro lado do rio. Nunca mais teve notícias dela. Todos julgaram que a
menina, prestes a se tornar mulher, tinha sido raptada pelo diabo. No orfanato,
ninguém falou nada sobre o menino de chifre que fora expulso depois de fazer
mal a uma noviça. O caso tornou-se uma daquelas histórias tristes que se conta
em mesa de bar ou roda de carteado, ou ainda para as crianças na hora de
dormir; pouco mais do que uma lenda que não merecia crédito. A vida seguiu
adiante.
Muitos anos se passaram. As crianças
que nasceram com chifres acabaram sendo aceitas e amadas pelas mães. Eram como
galinhas protegendo os pintinhos, não admitiam gracejos ou malvadezas contra os
filhos. A própria comunidade acabou achando que não era assim tão esquisito ter
um chifre no meio da cara. Só os pais, despeitados, não conseguiram viver com a
dúvida sobre a paternidade das crianças. Liderados por Tião Jacupira, partiram
para longe e nunca mais foram vistos por ali.
Um dia, numa tarde de inverno em que
o hálito das pessoas congelava no ar, ouviu-se o choro de uma criança numa das
cabanas da vila. Os vizinhos acorreram para oferecer préstimos e dar os parabéns
pelo nascimento de mais uma menina.
_É mulherzinha! Uma beleza de
criança! _ disse o pai todo orgulhoso, sem esconder o alívio por não haver
nenhum sinal de chifre na testa do bebê. Afinal aceitar a imperfeição nos
filhos dos outros é sempre mais fácil.
Só a mãe reparou em duas delicadas
penugens, quase invisíveis, que saíam lado a lado das costas da menina.
FIM
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