Leia um livro

Leia um livro.

Leia realmente (que é a única maneira possível, já que de mentiras, basta as que transbordam no mundo real).

Ao terminar, decida: ele é indispensável na sua biblioteca? Ajudou a entender por quê a vida é como é? Permitiu sonhar um mundo diferente? Traduziu sentimentos, convicções, a alma da gente?
Ou foi apenas um companheiro de momentos fortuitos, não mais do que uma fuga para outro universo.

Em todos estes casos, acho que o livro merece um lugar na estante da tua casa.

Mas lembre-se: há uma diferença entre os livros que inundam as lojas toda semana, e os clássicos imortais.
-.0.-

Por quê ler os clássicos?

Sanduíche é bom, é rápido, fácil de engolir,
mas ninguém vive sem uma boa refeição completa de vez em quando,
daquelas que exigem tempo para serem apreciadas e até um certo ritual.
De qualquer forma, a viagem da leitura é garantida.
Se eu disser a palavra "casa", a Martha vai imaginar uma casa de alvenaria com paredes brancas e jardim de rosas.

O Felipe Holloway talvez pense num sobrado antigo ou uma cabana na beira de um lago,

O Sir Adryan verá uma rudimentar moradia de índios peruanos.

Mas no livro, detalhes que vão se montando ao longo da história dão mais e mais elementos para nossa interpretação. Digamos que o texto seja : "casa de dois andares, com os quartos na parte de cima e, embaixo, a sala de estar, a biblioteca e o jardim de rosas (para manter a visão que atribuí a Martha - eh eh).

Ainda assim, a Martha vai pintar esse sobrado de branco, o Adryan talvez prefira o amarelo-claro, e o Felipe, gelo.

Mas todos, independentemente da visão que formem em suas mentes, terão viajado em divagações. O bilhete dessa viagem é o livro. Prazer incomparável!

-.0.-
Em se tratando de literatura, sempre evito afirmar:

"Você não entendeu o que eu quis dizer".

Prefiro assumir minha parcela de culpa na falha de comunicação e admitir:

"Eu não soube me fazer entender".

Apesar disso, gosto de textos que deixam algo apenas subentendido, para que o leitor viaje na própria imaginação. Não tenho a sutileza necessária para produzi-los como gostaria, mas quando estou lendo aprecio esse tipo de experiência.

Eu falo de uma certa cumplicidade que se forma entre escritor e leitor. Sinto-me satisfeito quando identifico isso num livro.


Costumo dizer que o livro pertence ao autor até ser publicado. Depois pertence ao leitor, que fará dele o que lhe aprouver, ou sua capacidade permitir.

Comentários

Postagens mais visitadas