Lego
Seria muito bom se a vida fosse como um grande brinquedo de montar.
Tudo se encaixando. Cada peça em seu lugar. As coisas se completando e se sustentando mutuamente para dar harmonia ao conjunto. Peças grandes, que se encaixam em qualquer combinação, sem "lugar certo" pra ficar. A peça azul poderia ficar tanto do lado da vermelha como embaixo da amarela que o resultado seria o mesmo no final.
Mesmo que a vida não fosse assim tão simples, ainda seria interessante. Se ela fosse como um quebra-cabeça de mil peças, eu não reclamaria. Daria algum trabalho, levaria algum tempo, mas haveria a certeza da premiação com a bela imagem que se formaria no final.
Só que a vida é mais complicada que isso.
As peças nem sempre estão disponíveis na hora em que são necessárias: temos saúde mas falta o dinheiro pra completar, ou vice-versa; ou temos os dois, mas não temos amor. Ou temos energia mas não encontramos a peça do propósito. Ou ficamos procurando a peça perdida do dinheiro mesmo, que é uma das mais difíceis de encontrar e por isso é citada aqui novamente.
Quando temos as peças, os encaixes não são perfeitos: a tranquilidade não encaixa com a ambição profissional. O amor não encaixa com a disponibilidade de tempo. O dinheiro… bem, este costuma se encaixar em quase todo lugar, mas pode ficar fora da harmonia geral se encostar na ganância.
Muitas vezes o quebra-cabeça fica com espaços vazios por causa de pecinhas que se perdem embaixo do sofá; e geralmente são as peças mais importantes, que dão sentido a todo o conjunto.
Ainda tem o gato que entra correndo na sala fugindo do cachorro e espalha tudo que estava montado.
Uma bagunça, a vida.
Está mais para um caça-palavras sem pistas de que palavras procurar e sem as respostas certas no fim da página, de cabeça pra baixo.
Mas essa zona garante a nossa liberdade.
Não há resultado pré-definido. Não há resposta "certa".
Podemos improvisar.
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