Certo e errado
O certo é certo e o errado é errado.
Que fique claro.
Poucas coisas são mais óbvias do que esta afirmação.
Mas apesar de óbvia, ela nada tem de simples.
Mesmo que todos resolvam fazer o "errado" isto não tornará o errado "certo". Por outro lado, por mais que, num dia longínquo, todos acordem de manhã e de repente decidam fazer apenas o "certo", sempre haverá aquele que achará isso muito "errado".
Juro que meu objetivo não é embananar sua cabeça. É que o assunto é complexo mesmo.
A frase que abre este texto parece ser uma verdade absoluta, mas esconde uma infinidade de interpretações possíveis.
O Catar, por exemplo (vamos nos aventurar nesse vespeiro que foi a Copa do Mundo): durante o evento internacional que teve o emirado como sede vimos o debate sobre direitos humanos ganhar peso, algumas vezes deixando até o futebol em segundo plano.
A misoginia e a desconsideração pelos direitos individuais, consideradas "erradas" por boa parte da humanidade, são revestidas com o argumento "cultural" numa tentativa de justificar suas práticas. Lá, esses conceitos são política de estado e, portanto, "certos".
Se até crimes odiosos como tortura, violência contra a mulher, exploração do trabalho análogo à escravidao encontram respaldo entre governos e povos diversos, o que dizer de coisas menos radicais, mais pessoais, como o que decidimos fazer de nossas próprias vidas? Mesmo que você decida seguir os passos de madre Teresa de Calcutá, haverá quem o critique. Também encontrará apoiadores, se sua inspiração for o Jack Estripador.
Tentar viver da melhor forma e ignorar as críticas destrutivas: talvez seja este o caminho (o problema é que nem sempre é fácil diferenciar o conselho bem-intencionado da crítica maldosa).
Fundamental nessa história é não abrir mão da humildade, indispensável para enxergar os próprios erros, aprender. Ao contrário do que pensamos muitas vezes (e os nativos de Áries quase sempre), não somos infalíveis.
É bom lembrar também que a institucionalização do preconceito, da discriminação e da violência não se justifica, seja por razões "culturais" ou quaisquer outras. Porque mesmo com todo espaço para ideias divergentes, no fim das contas o que é certo é certo, e o que é errado é errado.
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