Escrever



Sou daqueles que acreditam que as palavras podem ter cor, cheiro, textura e gosto. Podem ser ouvidas como música; degustadas como um doce... E existem nos formatos de pequenos bombons confeitados, recheados com creme, daqueles que são consumidos num rápido momento de prazer; ou na apresentação portentosa de um grandioso banquete, com entrada, prato principal e sobremesa, que proporciona uma longa e deliciosa experiência.

Palavras que, reunidas em harmonia, exercem sobre o leitor o fascínio de uma sinfonia magistralmente executada.

Exalam o perfume solitário de um jasmim, ou a fragrância luxuriante de um bosque de eucaliptos molhado de chuva recente.

Claro que, como as más músicas, o mau cheiro ou a comida intragável, nesta sinestesia embriagadora existem também as más palavras. Ou melhor: as palavras mal usadas - que, de berço, são todas boas e úteis, merecedoras de todo cuidado por parte daquele que as manipula.

É preciso inteligência, mas também coração, para aquele que se aventura pelo caminho de artífice das letras. Paciência de cientista ao pesquisar cada termo; capricho de artesão ao construir cada frase; e devoção de apaixonado, movido pelo amor à beleza.




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