Diga isto
Se um dia tiver a oportunidade de conversar sobre mim com alguém, na remota possibilidade de eu ser assunto que possa interessar, peço apenas a fineza de:
Supervalorizar minhas poucas conquistas;
Negligenciar o relato de minhas muitas derrotas;
Perdoar minhas falhas de caráter e dificuldades de relacionamento;
Lembrar dos momentos em que te fiz rir, e das ocasiões em que cheguei perto de ser simpático;
Se puder, minta um pouco a fim de me emprestar qualidades que não possuo - uma ou outra mentirinha inocente não faz mal a ninguém.
Pingue o colírio da benevolência sobre seus olhos antes de fazer meu retrato;
Proteste veementemente caso seu interlocutor discorde dos elogios que me fizer;
Diga mais!
Que se não alcancei fama e fortuna, a culpa é do mundo que não está pronto para minha genialidade. Mas garanta que sou póstumo, como Van Gogh ou Edgar Allan Poe;
Finalmente, se tudo nesta hipotética conversa parecer exagerado e falso, recrimine-se! Alegue que a culpa é do tamanho de sua admiração por minha pessoa, que faz com que use de hipérboles para me elogiar e complacência para me criticar.
Se ao final a pintura que tiver feito ficar muito diferente do modelo, paciência. Ninguém é assim tão perfeito.
Sei que um roteiro desses tirará toda graça de qualquer fofoca. Afinal, focar nos defeitos é sempre mais interessante.
Mas veja pelo lado bom: você terá feito algo surpreendente.
Comentários
Postar um comentário