Questão de gosto





Há quem considere o canto dos pássaros de manhã uma "barulheira infernal".

Para alguns, as folhas secas de plátanos espalhadas na calçada são "sujeira".

A chuva que lava o ar e refresca a terra pode ser encarada como "tempo ruim", e o sol que aquece e ilumina pode ser julgado o vilão causador de um "calor dos diabos". 

Ficar em silêncio sem nada para fazer, estendido num sofá olhando a paisagem pela janela, apenas ouvindo os próprios pensamentos, seria o retrato da mais fria solidão para algumas pessoas. 

Correr sem destino certo o quanto puder aguentar, permitindo-se pensar em coisa alguma enquanto a paisagem se desenrola à sua volta como um filme, seria considerado "tortura" por mais de um sedentário. Acordar cedo só para aproveitar o dia também. 

Ler até dormir, brincar de boneca com a filha, coçar a barriga de um cachorro, contar as voltas de um peixinho num aquário…  perda de tempo na opinião de algum workaholic.

Felizmente, tudo isso é questão de gosto. 

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