Distopia



É impossível ler Admirável mundo novo de Aldous Huxley e não sentir um arrepio na espinha. Admirável e terrível, esse mundo futurista. 

Não há família, não há laços afetivos, não há liberdade. Todos os seres humanos são "fabricados" (não se pode dizer que nascem) com objetivos predeterminados em tubos de ensaio. Não há espaço para o desejo de uma vida diferente - como desejar algo que nem se sabe que existe? 

Emoções são abolidas e trocadas por uma droga sintética. Uma espécie de "felicidade em comprimidos" chamada soma, que também ajuda a manter o controle absoluto sobre a sociedade. Como se isso fosse necessário num mundo em que as pessoas são condicionadas, desde a fase de zigotos, a "cumprir seu papel".

O retrato assustador que se forma no livro é o de um futuro sem esperança. Mas será que estamos protegidos contra uma sociedade assim?

Troque os comprimidos de soma por dinheiro. Substitua a engenharia genética que cria Alfas superiores e Ipsilones escravizados pela nossa segregação racial, injustiça social, xenofobia; nossos preconceitos que separam as pessoas em grupinhos, tentando definir o que cada indivíduo pode ou não fazer da própria vida. 

Vivemos num mundo assim tão diferente do de Huxley? Ou a ficção se aproxima perigosamente da realidade? 

Resta-nos acreditar que o ser humano não abrirá mão de seus sentimentos em troca de "pílulas de alegria"; não sacrificará a própria liberdade em nome de uma sociedade "perfeita" - e artificial.

Eu quero acreditar. 

 

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