Agressor




     Estava voltando para casa depois de um dia de trabalho no jornal, sozinho, dirigindo meu velho carro pelas ruas desertas. Era madrugada, uma, duas da manhã aproximadamente. Numa descida notei uma mulher na garagem de uma casa, tentando desesperadamente abrir o portão que a separava da rua. 
   Diminuí a velocidade e parei na frente do portão. Ela me viu e começou a gritar, pedindo pelo amor de Deus que a ajudasse a sair dali. Enquanto gritava forçava inutilmente as grades.
    Parei o carro e procurei alguma coisa que pudesse ajudar. Lembrei-me da chave de roda no porta-malas. Mas quando ia sair do carro para pegar a ferramenta, um homem apareceu de dentro da casa, empurrou violentamente a mulher para trás e abriu o portão. Armado com um pedaço de pau, veio para cima de mim. 
    Tomado de medo, engatei a primeira e acelerei. Olhei pelo retrovisor e notei o sujeito bradando o pau como se fosse um porrete, gritando xingamentos. Desci alguns metros e parei o carro. A vizinhança, acordada pelo barulho, começou a sair das casas próximas. Homens e mulheres foram até o portão onde o homem continuava parado, xingando. Logo ele se viu cercado. Tentou entrar em casa novamente mas foi impedido pelos vizinhos. 
    Dei marcha a ré a tempo de ver os primeiros sopapos. Parece que aquele cidadão não era muito popular ali no bairro. As agressões foram se tornando mais fortes. Alguém arrancou da mão dele o pedaço de pau que pretendia usar para me bater. Já caído, o esquentadinho  começou a levar chutes e pauladas. 
    Peguei o celular e liguei para um contato que tenho na delegacia. Pedi que viesse o quanto antes, ou haveria um linchamento. A surra durou pelo menos uns vinte minutos, até que uma viatura da PM chegou com a sirene aberta. 
     Mais tarde, no DP, a identidade do sujeito foi esclarecida. Foragido da polícia, traficante, ladrão e agressor reincidente de mulheres. Ainda com os hematomas do espancamento, o criminoso foi direto do hospital para a cadeia.
     Não voltei à casa para saber como estava a mulher que pediu socorro. Não a vi mais depois que o bandido a empurrou para dentro. Mas tenho certeza que, com ele preso, ela está bem melhor agora. 

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