O código Portinari

Há algo de secreto na arte de Cândido Portinari.
As formas espalhadas pela tela nos gigantescos paineis de “Guerra e Paz” revelam mais do que harmonia de cores e talento inegável.
Restauradores encontraram entre as imagens uma espécie de história fragmentada das últimas cinco décadas. Até respingos de bebidas de inúmeras recepções na ONU impregnaram a obra.
Mas o mais surpreendente no trabalho do gênio que  retratou a Guerra sem pintar uma única arma, é a presença de tintas que ainda não secaram, cinquenta anos depois.
Seria isto uma mensagem conjurada na paleta mágica que Portinari usava, misturando substâncias como um alquimista?
Se é este o caso, que mensagem seria esta? A de que algumas cores se recusam à estagnação e insistem num eterno processo de mudança, longo, incansável… como a vida deve ser.
Tintas teimosas como algumas lágrimas que não secam com o transcorrer dos anos.
(Texto de fevereiro de 2011)

Ficamos apenas com as hipóteses enquanto observamos, nos paineis perfeitos, a beleza que resiste ao tempo.

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