Imperfeição

 

Imagem gerada por I.A.

     A perfeição é muito chata! Falo da perfeição física. Tudo no lugar, tudo certinho, tudo "perfeito". O nariz no formato e tamanho ideais, os olhos na medida certa sobre ele e a boca carnuda embaixo. O abdômen sarado, os braços bem torneados, as pernas no padrão... Tudo como deveria ser... tudo muito chato. 
     
     Aos que pensam neste momento que é muito fácil para um feio criticar o belo, só tenho uma coisa a dizer: vocês estão absolutamente certos. Agora vou continuar a minha crítica.

     Imagine um mundo em que todos correspondam ao padrão de beleza. Primeiro problema:  ninguém se destacaria. Segundo problema: seríamos todos maçantemente iguais. Todos com cara de "Ken" , de "Barbie" ou, para os que preferem um estilo mais bruto, de "Falcon". Andando na rua teríamos a incômoda impressão de estarmos cercados por clones de nós mesmos, todos perfeitamente bonitos. Já pensou? Adeus, saúde mental num mundo desses. Seria uma distopia pior do que "Admirável Mundo Novo" de Huxley.

     A imperfeição é legal! É múltipla e variada. É o defeito que nos distingue. Mais importante ainda: é a imperfeição que nos torna interessantes. Aquele queixo fino demais ou quadrado de menos, aquela verruguinha no canto da boca, aqueles dentes encavalados ou separados... Aquela barriguinha que teima em aparecer, a infinita variedade de alturas, pesos e formatos dos corpos, cabelos que faltam onde eram necessários e sobram onde não deviam existir. 

     Ter tudo isso é ser gente, e não boneco (a).

     A imperfeição que deveria ser combatida e eliminada é a moral. Essa sim, é digna de um procedimento de harmonização ética. 

     

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