Fato ou fake
Ainda me lembro dos tempos de escola, quando eu precisava ir à biblioteca fazer pesquisa pro trabalho de casa. Olha que faz tempo! Mas eu me lembro.
Eram tantos livros!
Aquele universo sempre me seduziu. Haveria algum cérebro capaz de armazenar todo o conhecimento que existia naqueles volumes?
A pesquisa era um trabalho braçal: percorrer as estantes, carregar os livros de um lado pro outro, virar páginas e mais páginas em busca da informação desejada.
Os livros eram oráculos da verdade. "Se está neles, não pode ser mentira", pensava eu, na minha inocência. Afinal, quem, em sã consciência, gastaria dinheiro, tempo e energia para publicar uma inverdade ou cometer uma imprecisão? Hoje sabemos que nem sempre foi assim, e certamente houve livros que disseminaram erros. Mas naquele tempo a ideia de uma fraude impressa em papel, encadernada, era simplesmente inimaginável para mim.
O acesso às informações era mais complicado, sem dúvida. E as novas descobertas provocavam infindáveis reedições para substituir os livros que ficavam obsoletos. Trabalho pra Hércules.
Hoje está tudo no celular.
Não precisamos nem da nossa memória. Em vez de nos lembrarmos das coisas, delegamos essa tarefa ao aparelho que levamos no bolso.
Mas se o acesso às informações está mais fácil, o bombardeio de desinformação está muito mais violento. As notícias - e os boatos infundados - são publicados e atingem milhões de pessoas em segundos. Se espalham como vírus, com grande facilidade e sem exigir muito esforço. Separar o fato do fake parece impossível.
O desafio , já que a era do papel definitivamente passou, é criar ferramentas que neutralizem as mentiras com a mesma rapidez com que elas surgem... Nada mais difícil. Até porque parece que as fofocas, calúnias e maldades fantasiosas têm um poder de sedução muito maior do que as notícias.
Não que eu seja saudosista... Mas a antiga tarefa escolar com livros confiáveis e orientação do professor deixa muita saudade, às vezes.
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