Bom jornalismo

 




Estou lendo "Todos os homens do presidente". O livro destrincha e expõe em detalhes o método de trabalho de Carl Bernstein e Bob Woodward - e dos chefes deles também - durante a cobertura do caso Watergate, que culminou na renúncia do então presidente Nixon. Sem condescendência, o livro cita os erros do jornal. Como não errar num caso desses? Mas também deixa claro o que levou aos acertos, infinitamente mais numerosos: o cuidado com a informação.

Os repórteres não se limitavam a repetir o que dizia Garganta Profunda, a principal fonte. Cruzavam informações com inúmeras outras fontes, documentos, rastrearam o dinheiro do caixa secreto do comitê de reeleição do presidente, procuravam incansavelmente os envolvidos, o chamado "outro lado", sondavam FBI, líderes republicanos da campanha eleitoral e a própria cúpula do governo Nixon.

Era muito trabalho. Nada era "engolido" de graça. Várias vezes as matérias eram retidas até que se conseguisse uma confirmação. Garganta Profunda, em várias oportunidades, apenas confirmava ou descartava o que os repórteres já tinham descoberto.

A cobertura de Watergate é uma aula de bom jornalismo que vem muito a calhar nesses nossos tempos de fake news, hackers e golpes. Saber desligar também é jornalismo.





 

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas