Sebo

Espremido entre prédios,
Uma porta de aço erguida,
Um pequeno espaço,
Estantes exalando cheiro de papel velho,
Livros de diferentes tamanhos mal alinhados.

Uma desordem insensata;
Uma proximidade fingida
Coloca lado a lado a revolução russa
E a falação de falso mago de "Brida".

A um canto uma escadaria de madeira
Tão velha quanto os livros nas estantes…
Talvez mais…
No alto nos esperam mais livros,
Revistas, gibis e jornais.

Os dedos ficam ressecados,
Empoeirados e fuliginosos
Ao fim da inspeção desses tesouros idosos.
Os olhos, porém, esses ficam obcecados.

No fim da busca infrutífera
Por essas estantes de labirinto
Encontra-se o caminho para a saída
Num moderno computador que há no recinto.

A um toque aparecem letras e números
Cada um correspondente a um título.
E como se usasse um GPS esdrúxulo
O dono encontra tudo que procuro.

Mas não me arrependo do tempo perdido
Entre os papeis amarelecidos.
O cheiro de livros velhos é parte do vício
De quem fez de um sebo seu pequeno paraíso.

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